segunda-feira, 22 de junho de 2020

RESENHA: CRASHKILL - Consumed By Biomechanics (2020)



No turbilhão de uma crise pandêmica e econômica sem precedentes na história do capitalismo mundial, eis que me surge à oportunidade de resenhar um dos álbuns mais sinceros, puros e verdadeiros do heavy metal nacional, já que Consumed by Biomechanics, lançado em 2020 e distribuído pelo selo e distribuidora Extreme Sound Records, da banda Crashkill de Fortaleza (CE), torna-se uma notícia positiva e de esperança numa conjuntura tão adversa e tensa.

Essa banda nordestina, fabulosa e matadora, chamada Crashkill, é composta por cinco headbangers que não aliviam no quesito peso, criatividade e originalidade nas composições, com um thrash metal pesadíssimo, que resvala em todas as variantes sonoras do gênero, mesclando influências antigas e novas, se aproximando em alguns momentos no death metal e com uma visceralidade que há muito tempo não ouvia.

A banda Crashkill não perde tempo, já que Consumed by Biomechanics, além de muito bem gravado soa como uma espécie de primeiro álbum com um toque garagem e underground muito característico e que dá uma identidade única e cativante, com uma pegada rasgada e rápida onde talvez alguns e pequenos ajustes técnicos no timbre da bateria fossem necessários, mas não necessariamente sim, porque na minha humilde opinião é assim que ele deve soar, como se fosse gravado ao vivo, sem edições.

Para corroborar o que analiso a cozinha da banda não poderia ser mais do que perfeita, com Buson “Drummer” na bateria, com uma pegada forte e sincronizada, uma britadeira em várias passagens, nos mostrando toda sua capacidade e técnica pra lá de sensacionais, no baixo a densidade, peso e cadência soando sempre na medida certa de Fernando Gonçalves, demonstrando toda sua virtuosidade e competência, na dupla de guitarristas, temos dois músicos criativos e energicamente intensos na elaboração de memoráveis sonoridades, mesclando agressividade, peso e ousadia nos riffs e solos, em incorporar influências marcantes em diversas passagens que vão de Testament a Nuclear Assault, onde Jean Pinheiro e Valter “DoomRiff” se destacam por conta de toda intensidade e capacidades técnicas inquestionáveis, fechando esse quinteto com o vocal de Renato Ferreira que demonstra toda uma força, uma guturalidade arrasadora, persistente e penetrante, incorporando-se ao som da banda de forma única e matadora, resgatando um timbre de vocal que denota influências que vão de U.D.O., Exodus e Kreator, com uma característica e identidade própria, tornando o som geral do Crashkill uma das grandes promessas do metal nacional.




A faixa de abertura “Disconnect: Humanity” traz uma sonoridade bacana, diferente, misteriosa, com ruídos que lembram filmes de ficção científica, com sons de robôs, humanos, tiros, bombas, metralhadoras, gritos, talvez naves, um misto de que algo terrível e destruidor está acontecendo, a faixa é uma abertura longa que foge um pouco ao padrão, demonstrando uma mensagem subliminar interessante que a banda quer passar, o mistério já será resolvido em breve.

Em “Chaos Was Created” inicia-se com uma batida crua, acompanhada do baixo intenso e a entrada das guitarras com seus riffs afinados e pesadíssimos, entrando o vocal, mesclando rapidez e cadência, harmonicamente e melodicamente uma faixa destaque do álbum, com um ritmo que já demonstra a destruição e a resolução do mistério, o Crashkill não está pra brincadeira, é uma pancada na orelha.

Sem respirar, muito eis que vem “Artificial Intelligence”, faixa criativa, cativante, com uma pegada pra balançar a cabeça e dar pulos, guitarras e vocais com passagens pausadas às vezes, depois retomando com agressividade, sabendo dosar e mesclar variantes sonoras simultaneamente e com mudanças rítmicas certeiras, envolvendo quem escuta com atenção, faixa importante do álbum, demonstra toda seriedade da banda.

Sem perder nosso tempo, vem à rápida e matadora “Digital Conflict”, lembrando boas influências de Nuclear Assault e outras variantes do estilo, a cozinha da banda arrasa nessa música, destaque para o vocal, ríspido, direto, gutural na medida certa de Renato Ferreira, a bateria parece demonstrar o peso do fim do mundo, as guitarras radicalizam na ferocidade, com o baixo inteligente e certeiro, faixa bacana demais.

Depois temos a sensacional “Consumed By Biomechanics”, faixa que gruda na mente, penetra na alma e arrepia os pelos dos braços, dosagem certa da bateria, com baixo, guitarras e vocal, um duelo de instrumentos que parecem que querem mostrar a paulada que virá na sequência, e não demora muito, porque faixa dosa com precisão a cadência, o peso e a velocidade como nunca. Faixa muito inteligente, criativa e forte, um dos destaques que faz jus ao nome do título do álbum.

A divertida “This Is Crashkill” merece atenção, faixa que se inicia como despretensiosa, de repente mais um mistério é revelado, uma constelação de bateria, guitarras e a guturalidade do vocal anunciando o caos vindouro, precisa de fôlego, respira fundo, “This Is Crashkill” não é para os fracos é arrasadora.

Em “Year Of DarKness” uma avalanche se apresenta, riffs poderosos, a bateria é o destaque, um trator em todos os quesitos, aliado ao baixo poderoso que se apresenta nos momentos certos com uma intensidade marcante, faixa incrível.

 Na faixa “Modern Genocide”, nos remete um pouco a lembrança sonora da faixa de introdução “Disconnect: Humanity” no segundos iniciais, com uma sonoridade robótica, demonstrando aquele mistério do que irá vir, e eis que vem a tijolada na orelha, onde o baixo se destaca com os riffs e solos inteligentes e sincronizados na medida exata da harmonia e do ritmo, com a bateria dando sequência, com paradas e retornos cada vez mais pesados, voltando a uma velocidade descomunal, faixa muito interessante.

Concluímos com a pesadíssima e arrasadora “Killing Peace”, que dispensa maiores comentários, faixa que premia o álbum no geral, dando uma síntese geral deste petardo.

 O álbum “Consumed By Biomechanics” merece na minha avaliação uma nota 10,0 por sua originalidade, criatividade, identidade, peso e ousadia, demonstrando que é sim uma das grandes promessas do metal nacional e dando a letra de como tem que soar, ou seja, moderno e underground ao mesmo tempo, pesado e verdadeiro, sincero e brutal.


Crashkill – Consumed By Biomechanics
Data de lançamento: 03 de abril de 2020
Gravadora: Independente

Faixas:

1 – Disconnect: Humanity

2 – Chaos Was Created
3 – Artificial Intelligence
4 – Digital Conflict
5 – Consumed by Biomechanics
6 – This Is Crashkill
7 – Year of Darkness
8 – Modern Genocide
9 – Killing Peace (Remastered)

Membros da Banda:

Renato Ferreira (vocal)
Jean Pinheiro (guitarra)
Valter “DoomRiff” (guitarra)
Buson “Drummer” (bateria)
Fernando Gonçalves (baixo)

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E-mail: extremesounddistro@gmail.com

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Assessoria Brauna Music Press

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