Brilhantismo soaria como exagero, perfeição como arrogância
e genialidade como loucura, eis que discordo prontamente disso, já que a
banda Vulcano demonstra justamente brilhantismo, perfeição e
genialidade em “Eye In Hell”, décimo primeiro disco de estúdio, lançado
entre os selos Heavy Metal Rock e Hellion Records, quatro anos
após o “XIV” e dois anos depois na sequência, após o grandioso e histórico
duplo ao vivo “Live III: From Headbangers to Headbangers”, demonstrando que
em pouco mais de quarenta minutos temos uma verdadeira aula de metal extremo,
numa mistura pra lá de competente entre o death, thrash, black e speed metal no
mais alto grau de harmonia, ritmo e melodias totalmente sincronizadas, sem
perder a identidade própria e histórica do Vulcano (os mestres do black/thrash
metal nacional estão de volta) com o “Blood Vengenace” (1986) como referência e
o “Anthropophagy” (1987) como paralelo da influência que ainda se verifica nas
13 faixas desse petardo do metal nacional.
Produção, gravação e mixagens perfeitas, maturidade,
profissionalismo, evolução e uma pegada própria, mostra que o Vulcano em
“Eye In Hell” não veio para brincadeiras, são tijoladas muito bem pensadas e
inteligentes, com momentos destrutivos, raivosos e caóticos, Gerson
Fajardo e Zhema Rodero nas guitarras com riffs e solos
matadores do começo ao fim, Bruno Conrado na bateria (substituindo Arthur
Von Barbarian) é uma verdadeira paulada na orelha, competente demais, uma
britadeira com timbragem na medida certa, no baixo Carlos Diaz desfilando
virtuosidade e mostrando toda sua precisão e o vocal raivoso, caótico e insano
de Luiz Carlos Louzada em todas as composições mostrando ser um
vocalista pra lá de sensacional e único, tornando “Eye In Hell” um álbum ímpar
na carreira do Vulcano.
Arrisco dizer, que “Eye In Hell” já desponta como um dos
candidatos a melhor álbum de 2020 só na primeira ouvida, porque é um disco que
faz você querer ouvir de novo, outra vez e assim por diante, é um som de metal
extremo pra lá de chamativo e envolvente, moderno e tradicional, diferente e
pesado, uma contribuição única e histórica para o heavy metal nacional e
internacional, tendo Zhema Rodero como o único integrante desde o
início da banda, com o legado mais do que preservado e registrado nessa obra
prima do Vulcano.
Na faixa de abertura “Bride Of Satan” já sentimos desde o
início a pancada na orelha, com momentos rápidos, cadência e peso ao longo da
faixa, a mesma abrindo o som com a bateria matadora, com os riffs das guitarras
numa sincronia e criatividade insana, lembrando uma influência caótica a
lá Slayer, sendo que o vocal de Luiz Carlos Louzada está pra lá
de visceral e o baixo potente do início ao fim.
Sem respirar muito, já temos a maravilhosa faixa “Cursed
Babylon”, sintetizando toda maturidade musical da banda, momentos rápidos,
grooves inteligentes, rapidez e visceralidade, demonstrando ser uma das faixas
destaque do álbum.
Em “Evil Empire” a loucura tomou conta das guitarras, riffs
poderosíssimos, e o vocal possuído e brilhante, peso, rapidez, cadência e
groove certeiro entre o baixo e a bateria, cozinha perfeita para uma faixa
poderosa.
Quando tudo parece se acalmar, devagarinho os demônios
voltam, os riffs de Gerson Fajardo e Zhema Rodero não me
deixam mentir, em “Strugglin Besides Satan”, quarta faixa incrível, bateria,
baixo, vocal arrebentando tudo, arrepia os pelos do braço, música impactante do
começo ao fim, lembrando influências de Venom e Bathory.
Mantendo a pegada extrema, temos o destaque em “Sinister
Road”, com o baixo pra lá de mortal de Carlos Diaz, e a bateria de Bruno
Conrado uma verdadeira máquina de destruição, com as levadas e momentos de
cadência e peso gruvado e rápido na medida certa, com paradas e retomadas
precisas de destruição das guitarras de Gerson Fajardo e Zhema
Rodero, e a voracidade de Louzada nos vocais combina
perfeitamente.
Nada de ficar sentado, se levante do sofá, porque agora vem
a “Devil’s Bloody Banquet”, um convite ao banquete extremo do metal, com
nítidas influências de Exodus e Slayer, faixa muito divertida, pesada e
envolvente.
A 7ª, 8ª e 9ª faixas de “Eye In Hell” são um convite ao
caos extremo, na sequência em “Sirens Of Destruction”, “Dealer Of My Curses” e
“Mysteries Of The Black Book”, temos uma síntese geral da maturidade sonora da
banda Vulcano, com influências evidentes do metal extremo internacional,
mantendo a identidade própria e a personalidade sonora, utilizando-se de forma
inteligente, criativa e pesadíssima, com rapidez, velocidade, cadência e
insanidade total em vários momentos, sem soar repetitivo ou cansativo, os riffs
e solos das guitarras são chamarizes constantes para bater cabeça e arrebentar
tudo, uma aula de metal.
Antes que as cortinas se fechem, a faixa “Inferno” nos
lembra de que ainda não acabou, temos mais tijolada na orelha. Se pensar lhe
faz mal, essa faixa faz muito bem, tamanha é a sincronia entre bateria, baixo,
guitarras e vocal, faixa raivosa, tensa e potente.
Concomitantemente ao peso ouvido até aqui, eis que vem a “Cybernetic
Beast” para mostrar que temos mais novidades, faixa criativa, divertida,
empolgante, é hora de bater cabeça e esquecer todo restante, faixa que
necessita de espaço na sala, tira tudo, uma pancadaria sonora sem limites, a
união perfeita entre peso, rapidez e melodia.
Não obstante temos agora a maravilhosa “When The Day Falls”,
com o som da bateria muito bem timbrado, sincronizado, veloz e com uma batida
peculiarmente pesada, dando toda identidade própria sem soar repetitivo, com
solos mais refinados, mas brutais, com estruturas ímpares de som e
sincronização que dão uma identidade própria e peculiar ao som do Vulcano,
apesar de soar mais death metal, essa faixa é uma referência ao respeito que a
banda merece.
Concluímos com a única faixa título do álbum “Eye In
Hell”, mais cadenciada, evidenciando o fechamento desta pérola do metal
extremo nacional com coesão, consistência e pegada única. “Eye In Hell” é
uma obra de arte do metal extremo e assim será lembrado, contribuição
importante ao Heavy Metal em um momento único e triste que vivemos atualmente,
redobrando as esperanças de dias melhores para o metal, e o Vulcano desperta
isso, com sua energia e seriedade, tendo como avaliação final nota 10 sem medo de errar.
FAIXAS:
1. Bride of
Satan
2. Cursed
Babylon
3. Evil
Empire
4.
Struggling Beside Satan
5. Sinister
Road
6. Devil
Bloody Banquet
7. Sirens of
Destruction
8. Dealer of
My Curses
9. Mysteries
of the Black Book
10. Inferno
11.
Cybernetic Beast
12. When the
Days Falls
13. Eye in
Hell
FORMAÇÃO:
Zhema Rodero
(guitarras)
Luiz Carlos
Louzada (vocais)
Carlos Diaz
(baixo)
Gerson
Fajardo (guitarra)
Bruno
Conrado (bateria)
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